domingo, 13 de março de 2011

TU DESENHASTE

O meu coração reclama debilitado no desespero sem fim, não há nada que o conforte e tranqüilize desse martírio interminável, encontra aconchego apenas na noite fria e sem luar, o sopro frio da madrugada escura o leva para a eternidade.

Há somente as tristes lembranças dos tantos desencontros e embates sem término, dos tantos momentos vividos. Está vazio de tudo, existe somente por te lembrar, quando na verdade esquecida nunca foste e nunca serás.

Clama tão agudamente forte na melancolia da sua dor que não me resta opção senão pegar no meu lápis trêmulo, vacilante a cada risco, tracejando palavras profundamente marcantes mostrando a ti minha agonia.

O ingênuo rabiscar de uma letra é escrever um livro inteiro na nossa alma, desde que a conheci cada momento foi traçado e delineado, hoje está marcado pela saudade, com um vazio ocupado somente pela memória que tenho de ti.

Tu desenhaste em mim a mais bela das perfeições, se é que neste mundo haja algo digno desse nome, além de ti, meu amor.

Cada risco do teu ser fez de mim maravilhosa e colorida folha de fábulas imaginárias, enfeitada e enfeitiçada pelo contorno mágico da escrita do teu lápis nas folhas de cetim que tenho guardadas.

Entretanto, enquanto que com uma mão me preenchias da poesia emanada pelo contorno da tua doce letra, na outra detinhas já a indesejada borracha que usarias para apagar a tua passagem em meu íntimo.

Saibas meu amor, que no lugar de um lápis utilizaste tinta definitiva, impossível de desaparecer com o tempo?

Ainda guardo todas as palavras, o leve toque do teu traçado nas mais áureas e apreciadas páginas da minha existência.

Não, nunca renuncio delas, deixo-as assim soltas, saltando desprendidas por todas as partes de mim. Vagueiam perdidas aqui dentro, não como memórias vagas, mas como belas e terríveis marcas bem presentes a cada suspiro que dou.

Sonho que percam todas as maquiavélicas borrachas das nossas vidas e jamais alguém ouse escrever sobre o que um dia escrevi em ti, se é que ainda tenhas algum dos meus versos apaixonados.

Sonho que não leias nada senão a minha alma transparente e desvairada e que me deixes ser inundado, para sempre, pela literatura mágica do teu coração.

Sonho que estas páginas que me surgem agora da alma ressoem como o triste canto de um curiango moribundo pela madrugada fria no seu sentimento e me tenhas no seu sentimento.

Sonho…
Só, mas para sempre em ti. Á espera de ti, guardando os mais belos capítulos da minha vida para que um dia concluas a tua obra.

Só sonharei…
E sonharei só, porque tu não estarás aqui.

(Daez Savó)

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